Aos 20 anos na sua Segunda tentativa de conseguir um lugar na École Normale Supérieure,
Na ENS, Foucault iniciou uma série de comportamentos agressivos. Feriu seu peito com uma navalha; perseguiu um estudante com um punhal; quase suicidou-se ao tomar uma overdose de comprimidos; bebia muito e de vez em quando experimentava drogas; desaparecia noites a fio – devido à um colapso nervoso - voltava pálido e com olheiras profundas. O que pode ter ocasionado tais comportamentos pelo fato do sofrimento em suas expedições solitárias sexuais e sua incapacidade de conviver consigo mesmo além de ninguém querer conviver com ele, pois achavam, que era um louco perigoso, porém de inquestionável brilhantismo. Em sua argumentação intelectual chegava a ser agressivo chegando a recorrer à violência, e daí começa nele a desenvolver doenças psicossomáticas e passou longos turnos em uma solitária cama de um sanatório.
Como tinha grande entusiasmo pela História começa a ler Hegel, filósofo alemão do século XIX, cuja filosofia insistia na coerência e no sentido da história, progrediu suas leituras para Heidegger, filósofo do século XX, que via a situação do homem como determinada por elementos mais profundos que mera razão. Então Foucault recebeu forte inspiração da filosofia de Heidegger e o seu primeiro contato com o seu pensamento é descrito por Hannah Arendt (sua aluna)
As idéias de Sartre, que também foi influenciado por Heidegger baseado no existencialismo, era basicamente subjetiva e acreditava na “ existência antes da essência”.Com o passar do tempo amadureceu-se academicamente numa tal velocidade e aceita sua opção sexual e violência de personalidade pois eram acalmadas por ocasionais práticas de sadomasoquistas.
Atraiu com o seu pensamento as lideranças ligadas à ENS que discutiam suas idéias. Atraiu a atenção de Louis Althusser, um jovem instrutor na ENS, que sobreviveu a guerra e tornou-se um machista convicto, o qual mais tarde enforcou sua esposa (1981) e foi confinado em um manicômio escrevendo lá sua brilhante autobiografia. Althusser convence Foucault a filiar-se ao Partido Comunista Francês (PCF), que era a principal força política da França, mas ele não sentiu-se bem, compareceu a poucas reuniões, pois não queria infiltrar-se no campo da política. Viu a homossexualidade ser desprezada pelo partido como mera “decadência burguesa”. Em 1951 fez um exame final e obteve um brilhante resultado
Certa noite socializando-se nos cafés intelectuais de Paris encontrou com um jovem compositor chamado Jean Barraqué, o qual tornou para Foucault um dos melhores compositores da música clássica contemporânea. Dois anos mais novo que Foucault, Barraqué era um artista bastante nervoso que bebia excessivamente e era admirador fervoroso de Nietzsche. Logo atraídos um pelo outro, apaixonaram-se em um amor que era uma mistura de filosofia intensa, descontrole alcoólico e sexo sadomasoquista. Para os dois a música e filosofia era uma coisa só. Mas a possessividade de Barraqué virou um ciúme paranóico e a independência obstinada de Foucault começa a sentir-se sufocada. E ambos sabendo que a bebida estava fugindo do controle, em uma briga explosiva separaram-se. Barraqué continuou a compor mas com um comportamento mais errático. Morreu em 1973 por causa do alcoolismo.Em agosto de 1955, Foucault aceita um cargo menor na Universidade de Uppsala, no sul da Suécia, lugar que encontrou uma certa paz. Surgia nele um ser humano mais moderno. Comprou um Jaguar para viagens de mais de mil quilômetros de volta a Paris nas férias. E à noite saía à procura de homens. Começou a ficar careca e habituou-se em vestir um terno xadrez de doer os olhos. Dava conferências sobre literatura francesa para turmas majoritariamente do sexo feminino, de + 18 anos, abordando o tema bastante restritivo: “A concepção do amor na literatura francesa, do Marquês de Sade e Jean Genet”, uma combinação de sadismo, sodomia e degeneração devassa . Aos 34 anos, Foucault, perde seu pai, e com a herança comprou um apartamento com uma vista maravilhosa dos cais do Sena, na Rue Dr. Finlay. E neste mesmo ano defendeu sua tese de Doutorado intitulada: “Loucura e Desrazão”. Conhece um estudante de filosofia e ativista político de esquerda, Daniel Defert, que era um jovem gay, atraente e dez anos mais novo que Foucault. A França passava por uma terrível guerra colonial na Argélia, na qual Foucault e Defert condenavam, mas discordavam em suas teorias políticas. Defert e Foucault se tornaram amantes. Defert foi morar com Foucault em seu apartamento. Foram parceiros por quase 20 anos em uma ligação afetiva profunda. E esta relação amorosa era aberta, sendo que ambos relacionavam-se com outros parceiros o que gerava crises de raiva e mau humor, mas não era nada tamanha afetividade. Em 1968, retorna a Paris, agora com 40 anos de idade. Começa então a se preocupar com os sinais da velhice. Irritando-se com a sua calvície decidiu raspar sua cabeça; passou a usar um suéter de gola alta e terno de veludo cotelê. E assim, “criava-se a imagem do filósofo careca com óculos, ‘chique-durão”.
Esteve no Brasil em 1965 para uma conferência a convite de Gerard Lebrun, seu aluno na rue d’Ulm, em 1964. Em decisão da Assembléia de Professores do Collège de France, a cadeira de História do Pensamento Filosófico, foi transformada em História dos sistemas de pensamento e Foucault foi eleito para esta cadeira em 12 de abril de 1970, onde terá fim com a sua morte.
Foucault e Defert se mudaram para um moderno apartamento antigo no alto da Rue de Vaugirard, morando no oitavo andar. Foucault adquiriu um novo hobby: voyeurismo de jovens rapazes nos outros apartamentos usando um potente binóculo. Voltou também a plantar canabis como fazia
STRATHERN, Paul. Foucault em 90 minutos. Tradução de Cassio Boechat. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
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